Texto Fl. [1]r Pedregal - 7,2,71 Querido Mano: Mais um fim de semana passadoe mais uma vez aqui estou a escrever-te para assim podermos compartilhar um pouco das nossas vidas, pois só assim é que a vida tem sentido. Como já disse na carta anterior hoje é a nossa rejoada. Está cá o [N]- [N], [N] e filhos, [N], [N] e filhas, [N] e filhas, [N] e [N] e só eu é que estou só, não é por falta de pessoas que quei- ram ser companhia, mas a vida é assim será melhor só do que mal acompanhada. Como vês, gente em casa não falta e então barulho ainda pior. Já sabes co- mo é o [N] posto a falar... A porca é muito boa, pois só de carne limpa pessou 10 arrobas ou sejam 150 kg. Quanto ao paladar, ainda não te posso dizer nada, mas esperamos que seja bom. Agora [N], respondendo à tua car- ta quanto à tua situação, vou mais uma vez demonstrar-te o que realmente sinto. Acredita que fiquei tristicima quando Fl. [1]v vi na tua carta que os teus empregos aí podiam ser: guarda dos negros ou então Agente da Pide. Acredita que para mim será o maior desgosto é ter um irmão que seja qualquer coisa de polícia e muito pior da Pide. Tudo isso é uma grande merda. acre- dita que não casei com um rapaz que estava na GNR porque não gosto das maneiras das pessoas que vestem fardas. Acho que há milhentas manei- ras de se viver dignamente sem ser isso. Uma coisa que seria bom era cai- xeiro viajante, trabalhar nas emisso- ras, etc. Sei lá, há tanta coisa que seja digna e que realize totalmente o homem - como ser humano - Não penses demais com isso porque a Previdência trata do resto. É necessário, sim, ter confiança e muita força de vontade para se ser alguém na vida. Mas não é lamentar-se e julgar-se um inútil. Isso é pecado gráve. Eu quero-te ver seres Útil. E com estes votos me vou despedir. Beijinhos dos pais manos e sobrinhas e da tua querida um xi coração muito apertado [N] P.S.P.S. Quero que estimes muito a foto que te ofereci. Contexto Guerra Colonial Palavras Chave Tipo: notícias Suporte Material Suporte:
folha de papel de carta escrita em ambas as faces.
Créditos Transcrição:
Leonor Tavares
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