1970. Carta familiar entre irmãos. De Marco de Canaveses, Portugal, para Camabatela, Angola. FLY1349

FLY1349
Carta familiar entre irmãos. De Marco de Canaveses, Portugal, para Camabatela, Angola.

Data
04/01/1970

Referência Arquivística
N.A.
Arquivo Privado, Arquivo Privado, FLY1349, Fólio [1]r-v

Resumo
A autora da carta fala de um surto de gripe, queixa-se de solidão e pede ao irmão que mande notícias mais detalhadas e umas fotografias mais bonitas.

Local
Marco de Canaveses

Cartas relacionadas
FLY1335   FLY1336   FLY1337   FLY1338   FLY1339   FLY1340   FLY1341   FLY1342   FLY1343   FLY1344  
FLY1345   FLY1346   FLY1347   FLY1348   FLY1350   FLY1351   FLY1352   FLY1353   FLY1354   FLY1355  
FLY1356   FLY1357   FLY1358   FLY1359   FLY1360   FLY1361   FLY1362   FLY1363   FLY1364   FLY1365  
FLY1366   FLY1367   FLY1368   FLY1369   FLY1370   FLY1371   FLY1372   FLY1373   FLY1374   FLY1375  
FLY1376   FLY1377   FLY1378   FLY1379   FLY1380   FLY1381   FLY1382   FLY1383   FLY1384   FLY1385  
FLY1386   FLY1387   FLY1388   FLY1389   FLY1390   FLY1391   FLY1392   FLY1393   FLY1394   FLY1395  
FLY1396   FLY1397   FLY1398   FLY1399   FLY1400   FLY1401   FLY1402   FLY1403   FLY1404   FLY1405  
FLY1406   FLY1407   FLY1408   FLY1409   FLY1410   FLY1411   FLY1412   FLY1413   FLY1414   FLY1415  
FLY1416   FLY1417   FLY1418   FLY1419   FLY1420   FLY1421   FLY1422   FLY1423   FLY1424   FLY1425  
FLY1426   FLY1427   FLY1428   FLY1429   FLY1430   FLY1431   FLY1432   FLY1433   FLY1434   FLY1435  
FLY1436   FLY1437   FLY1438   FLY1439   FLY1440   FLY1441  


 Download XML       Download em formato PDF



Autor | Destinatário | Contexto | Palavras Chave | Suporte Material | Créditos


Texto

Fl. [1]r

Candós

4-1-70

Querido Mano

Sempre no desejo de estar contigo aqui estou mais
uma vez em diálogo para podermos participar activamente
do nosso viver. Tal como deves ter notado, é a primeira
vez que te escrevo neste novo Ano que começou.

Para mim não começou muito mal, muito embora
não possa dizer bem, visto faltar-me aquele de que neste
momento sinto mais falta, - és tu -. Como a vida é cheia
de faltas, tenho que sopurtar ainda mais esta, depois de tan-
tas que [...] Neste início não tenho nada de especial que
seja digno de apontamento, é tudo sempre na mesma, não se sai
da sopatorta; vai-se à missa... apanham-se umas molhadelas...
umas rabanadas de vento e frio... enfim, não se passa disto.

Sabes, no dia de Ano Novo ou seja dia 1 de Janeiro passei a vida ou
melhor, a tarde a visitar os doentes cá do lugar que agora está a crescer
bastante o no deles. Neste momento estão: o sr [N] e a mulher na
cama doentes, o sr [N] continua na mesma. Ele manda-te um
abraço e pergunta quando é que te lembras dele.

A passagem do ano passá-mo-la sòsinhos com as «criadas»;
foi triste porque nem sequer ouvi cantar as janeiras nas casas dos
outros, porque na nossa nunca chegaria a ouvi-las sòmente à
noite telefonou para cá a [N], assim mesmo daqui de casa, podemos
estar com ela, pois quis falar com todos nós um pouco.

Por aqui o tempo tem estado péssimo de chuva e nevões. Tem
estado todo o distrito de Tràs-os-Montes interrompido e também o Marão
Cá em Portugal, como nos outros países, anda numa epedemia de
gripes que tem estado casas fechas e morrido muita gente. Até
agora ainda não nos atacou mas a todo o momento a esperamos
Já recebemos correio teu escrito aí no dia de Natal. Fiquei conten-
te por todas as notícias porque era precisamente isso que eu esperava
Então!.. Tens recebido muito correio meu? recebestes algum no dias
proximos do Natal? Escrevestes e nada dissestes, mas de certeza que
fostes recebidos. Estive para te mandar um telegrama, mas tivemos
receio de que te assustasse e então escrevemos cartas.
Fl. [1]v
É verdade? Já fostes recebido da garrafa de aguardente que
se mandou pelo sr [N]?

Se estivesses na capital seria mais fácil de te mandar qualquer
coisa, assim há mais dificuldade mas sempre que tenhamos por-
tador te lembraremoos de ti.

Não sei que te dizer mais, é verdade, já te escreveu o [N] de
[L] e o [N]? Todos eles têm me escrito e mandaram
me fotografias. É verdade? Quando é que nos mandas fotogra-
fias tuas mas mais bonitas que estas. Olha que o pai até quer
que as escondamos porque lhe metem impressão, parece
que estàs morto ou a dormir, mas mesmo assim estás na
minha mesa de cabeceira e no aparador da sala
Hoje mesmo vai a [N] para o Porto, já terminaram as férias
e eu também não demora muito aqui. Não suporto esta solidão
Estive com a minha Assitente Social e parece que ainda não come-
ço a trabalhar em Janeiro.

Espero por correio teu aqui para casa a responder a todas
estas interrogações que te faço, se não chegar uma folha
enche duas ou três.

Julgo ter dito tudo aquilo que desejava. Vou finalizar
com saudades de todos os visinhos e amigos.

Desejo que continues bem, sem problemas de maior: Diz-me
se é verdade estar a ser atacada esta essa zona, diz tudo o que
se passa, não digas só meias verdades - diz verdades inteiras,
está bem?

Com um xi coração muito apertado me vou despe-
dir mais uma vez, votos de muitas felicidades,
muita prodência, optimismo, saude, alegria e boa disposição
um beijo de saudades da tua mana muito querida

[N].

P.S.
P.S. Soube que escreves à [N] da [L]
Será namoro? Não acredito...



Contexto
Guerra Colonial



Palavras Chave

Tipo: informação
História: guerra colonial
Sociologia: saúde, religião, comunicação




Suporte Material

Suporte: folha de papel sem linhas escrita em ambas as faces.
Medidas: 299mm × 210mm
Mancha Gráfica: linha em branco separando a fórmula de endereço das restantes linhas.




Créditos

Transcrição: Leonor Tavares
Revisão: Rita Marquilhas
Codificação DALF: Leonor Tavares




Discorda da nossa leitura? Por favor escreva-nos: cardsclul@gmail.com