1970. Carta de amizade recebida por um militar. Do [Porto] para Camabatela, Angola. FLY1436

FLY1436
Carta de amizade recebida por um militar. Do [Porto] para Camabatela, Angola.

Data
04/05/1970

Referência Arquivística
N.A.
Arquivo Privado, Arquivo Privado, FLY1436, Fólio [1]r-[2]v

Resumo
A autora diz ao amigo que lhe enviou uma uma fotografia e uma medalha. Diz-lhe também que esteve doente e que, graças a um retiro que fez, lhe passou uma crise que a fazia chorar e ver as coisas por um prisma errado. Discute ainda a questão de ela e o destinatário passarem a tratar-se por tu.

Local
Porto

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Autor | Destinatário | Contexto | Palavras Chave | Suporte Material | Créditos


Texto

Fl. [1]r
4-5-70

[N]:

Cá estou mais uma vez
a responder ao seu correio.

Recebi correio seu datado de
dia 24 de abril e no sábado
recebi uma carta datada do
dia 27 e só hoje me foi possi-
vel escrever pois estive uma se-
mana inteira de cama, com
uma "sinosite" e a semana pas-
sada fui para um retiro e
estive Quinta, Sexta e Sábado fora
do Porto, por isso não me foi possi-
vel escrever-lhe mais depressa.

Já viu concerteza a fotografia
mais vale tarde do que nunca
mas esta fotografia não está
grande coisa, foi tirada nas férias
quando estive em Lisboa, agora
qualquer dia tiro uma e man-
do-lhe está bem?

Quanto ao meu pai, felizmente
Fl. [1]v
já cicatrizou o joelho, já não
foi sem tempo, mas emfim Deus
quiz assim.

Pergunta-me se ando
mais satisfeita, eu penso que
todos nós temos crises e eu
quando lhe escrevi estava a
passar uma crise destas pois
nada me satisfazia e passava
o meu tempo a chorar ou en-
tão a meditar na minha vi-
da, mas agora já passou tu-
do, pois com o "retiro" que fiz,
pude ver o meu ideal, e ava-
liar a minha personalidade
e julgo que o que me fazia
andar assim, era eu ver
as coisas por um prisma total-
mente errado, mas o [N] afinal
não tem nada que me aturar
e eu já estou a ser aborreci-
da de mais, desculpe por favor.

Quanto ao pedido que me
fez realmente tenho levado tempo
a pensar e só hoje resolvi dizer
-lhe
Fl. [2]r
II
o que penso a esse respeito:
acha realmente que nos devemos
tratar por tu? eu não sei bem
o que o [N] pensa sobre o tratamen-
to por tu entre os jovens, eu por
mim julgo que poderiamos con-
tinuar conforme estamos, pois
para lhe ser franca não sei o
que me parece eu tratar a
[N] por você e ao [N] tratá-lo
por tu, para si pode pensar que es-
tou a ser horrivel e mesquinha,
mas para mim isto representa imen-
so, mas em todo o caso eu gos-
taria de saber o que o [N] pen-
sa a este respeito e então
poderia ser que as nossas ideias
se unissem, pois já é muito cer-
to que da discussão nasce a
luz.

Já viu concerteza que
lhe envio uma medalha, é para
juntar à outra que lhe dei
antes da sua partida, julgo que
não é igual e esta foi compra-
da em Fátima e lá mesmo foi
benzida, vou-lhe fazer um pedido
é o seguinte: traga-as sempre consi-
go pois é bom sinal e é uma ma-
neira de andar sempre prote-
gido pela Nossa Mãe que pode tudo
e tudo faz para nosso bem.


Fl. [2]v
Sabe uma coisa eu estou no
Colegio, e como uma professora
faltou nós viemos para o salão
de estudo e eu resolvi escrever-lhe
pois para ser franca não me
apetece estudar e assim passa
o tempo mais depressa, e eu
estou entertida, desculpe a letra
[...] mas estou um bocadinho
à pressa pois tenho medo que
a freira me apanhe a escrever.

E por hoje julgo não ter
mais nada para dizer despeço
-me receba cumprimentos dos
meus pais

e da sempre
amiga:

[N]

P.S.
N.B_ escreva sempre pois para
mim é um prazer receber
correio seu



Contexto
Guerra Colonial



Palavras Chave

Tipo: notícias
História: guerra colonial
Sociologia: saúde, religião




Suporte Material

Suporte: duas folhas de papel de carta pautado escritas em ambas as faces.
Medidas: 267mm × 155mm
Mancha Gráfica: uma linha em branco entre a fórmula de endereço e o início do texto.




Créditos

Transcrição: Leonor Tavares
Codificação DALF: Leonor Tavares
Contextualização: Joana Pontes




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