1968. Carta de amor de um noivo, emigrante em França, para a futura mulher. De Bonneville (França) para Leiria. FLY2467

FLY2467
Carta de amor de um noivo, emigrante em França, para a futura mulher. De Bonneville (França) para Leiria.

Data
30/12/1968

Referência Arquivística
N.A..
N.A., Coleção Particular, FLY2467, Fólio [1]r-v

Resumo
O autor mostra-se revoltado com a destinatária por ela ter formado uma ideia sobre a possibilidade de os dois se separarem; elabora sobre o assunto, relacionando-o com as remessas de dinheiro e com intrigas de terceiros.

Local
Bonneville (França)

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Autor | Destinatário | Contexto | Palavras Chave | Suporte Material | Créditos


Sobrescrito

Destinatário

Para
[N]
Bairro [L]
Estrada da [L]
Casa do Sr [N]
LEIRIA
Portugal


Selo
REPUBLIQUE FRANÇAISE, Postes, 0,30
Selo
REPUBLIQUE FRANÇAISE, Postes, 0,30
Carimbo
BONNEUIL SUR MARNE, VAL DE MARNE
1968.12.30
15H45

Remetente

De
[N]
[D] Rue [D] [L]
Bonnevil [D] Val Marne
Françe



Texto

Fl. [1]r

Bonnevil-

30-12-68

[N] meu Amor

Ao dar inicio a esta minha cárta fasso vótos para que ela te vá
encontrar numa boa dispozição que eu ao fazer-me desta fico
Bem felismento.
[N] meu Amor mais uma vêz me rezolbi a escreber-te
para saber a tua despozição se te encontras mais Bem desposta
do que na altura em que me escrebeste a carta pois eu mais
uma vêz a li onde não descansava sem te reseber outra
vêz sem tua respósta pois Amor tu escrebestes me ésta carta
onde tu me mandavas dizer se eu tinha a entencão de
te deixar para te deixar mas que tu que não me deixavas
sim [N] de acordo pois eu nunca na vida tive ideia
de te deixar nunca foi coiza que se me passasse pela ideia
para tu me mandares dizer uma coisa dessas como
eu estou a conheser que tu estás-me a comosar a odia não
sei se será pela minha auzencia se porque será mas em
fim eu sou uma pesoa que tu se me não conheses já
têm tempo de me conheser porque tu não lidastes com
migo só 2 ou três dias por isso digo desde já
agradeso-te que me não mandes dizer mais vêz ninnh-
uma que ese eu te quizer deixar para te deixar pois isso
não porque eu cá tenho a minha entenção gósto de - ti
sim és capás de não aquerditar mas emfim cá
eu é que sei o meu sofrimento eu não tenho minuto
ninhum no dia que me não lembre de ti!
e tu mandas-me dizer se eu te quizesse deixar
para te deixar sim de acordo [N].
EeuEu cá tenho a minha entensão se tu quizeres
Fl. [1]v
ir por o que t eu digo isto tudo Bem agora se tens outras
ideias isso é comtigo eu na altura em que te escrebi
a carta que me dizes que ficastes muito sentida e tens
passado todos os teus dias a churar não sei porque! porque não
era motivo para isso porque se tu na altura em que
eu te escrebi a dizer te ficas a relreseber o dinheirito
que eu poder mandar tu não tinhas mais nada a fazer
que éra a dizeres pronto [N] esta Bem mas é isto ou
aquilo porque eu queria só que tu o fosses Boscar ao
Bamco ou a caixa para onde eu o mandasse porque
depois o meu irmão [N] ia ai Boscalo ponara eles
não perderem dias e tu não senhora comesastes-me
logo a mandar dizer que era uma responsabelidade de quê
Amor porque éra uma responsabilidade eu então enchi
me ca de uma maneira que não pode soportar sem te
escreber e então pedistes a openião ai aos teus patrões e derão-te
uma Boa openião eu ca para mim achei que mal
feito isso e sentido então não se conta.
Ouve lá [N] meu Amor então se eu tivesse ideias de te
disser alguma vêz eu te pedia para reseberes ai algum dinhei
rito que podesse - mandar ou lá penssa bem esta fráze e
depois manda-me dizer se tu me quizeres escreber.
porque eu não sei como ando
tenho aqui algum dinheiro pouco queri o mandar mas só lá
para prisipios de Febreiro ainda não tenho pelaniádo para quem
o eide mandar mas algem o ai ade reseber em vistas de tu não
quereres ou não poderes resebelo dizes que e uma grande responsabe
lidáde não fás mál eu me eide dezenrascar de qualquer maneira
pronto Amor por oje e tudo não tenho mais duzeas coizas para te
mandar dizer mas amanhã ou outro dia te escrebo tambem te
quero dizer para me não dmorares o correio caso tu aiches
muito deinheiro em cartas então e só uma por semana
agora tu vê lá i dis porque eu tambem não quero
que tu andes ai a rasca sem dinheiro para me escreberes agora tu
ve la i pronto tu deste teu querido resebe um Beijinho junt a um
grande abraço

deste teu querido que te ama sou

[N]

P.S.

Fl. [1]r
não me de-
mores o correio
por fabor
sim
i ve la amor
Bem
desposta e
se tiras éssa
iluzão da
cabeça em
tu me
deixares ou
eu a ti
Amor
Beijinhos
ADeus




Contexto
Emigração



Palavras Chave

Tipo: reprimenda
Linguística: interpolação
História: emigração
Sociologia: família, condições económicas




Suporte Material

Suporte: uma folha de papel de carta pautado com 30 linhas escrita em ambas as faces.
Medidas: 269mm × 210mm
Medidas do Envelope: 112mm × 144mm
Mancha Gráfica: sem linhas em branco a separar a fórmula de endereço e o início do texto.




Créditos

Transcrição: Mariana Gomes
Revisão: Rita Marquilhas
Codificação DALF: Mariana Gomes
Contextualização: Leonor Tavares




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