1969. Carta familiar entre tio e sobrinha. Caxias. FLY2069

FLY2069
Carta familiar entre tio e sobrinha. Caxias.

Data
02/12/1969

Referência Arquivística
N.A.
Arquivo Privado, Arquivo Privado, FLY2069, Fólios [1]r-v

Resumo
O autor, em carta à sobrinha, tenta influenciar a mulher a lidar melhor com a situação difícil em que está, com o marido preso, uma rutura no horizonte, as filhas a cargo, falta de dinheiro e uma saúde precária. As relações tensas entre a mulher e a sua família por afinidade também lhe parecem problemáticas. Aí, o autor tenta mostrar-se conciliador, mas tomando sempre o partido da mulher. Preocupa-o também a hipótese de ela emigrar para África, levando-lhe as filhas para longe.

Local
Caxias

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Autor | Destinatário | Contexto | Palavras Chave | Suporte Material | Créditos


Texto

Fl. [1]r

Cadeia Caxias,

2. Dezembro, 1969

Querida [N]:

Vejo-te envolvida nisto tudo. Não sei se será uma solução optima, mas não encontro outra e vais aprendendo... Con-
tigo sei que podemos contar, mas peço-te que não sacrifiques em demasia os teus afazeres - profissionais, sentimenais e outros que tais.

Conversamos já na visita. Pretendo agora recapitular algumas coisas, visando definir em concreto a minha posição. Peço-te
o favor de dares a ler esta carta à [N] (e de a leres também). Escrevo hoje à tua mãe sobre tudo isto também.

1. Não se me afigura acertada a "teoria" de que há que não influenciar. Em 1o lugar, todos nós nos influenciamos,
mesmo com o silêncio, mesmo com a tentativa de não intervir; em 2o lugar, deixamos necessariamente o campo aberto a outras influências e
sugestões. O que julgo correcto é não forçar ou impor soluções, não empurrar; mas ajudar o próprio a determinar-se dentro de limites adequa-
dos e levianamente certos.

2. Há seis meses que não falo com a [N], não conheço nem vivo inteiramente os seus conflitos e anseios. Ausente, por
um lado, não-informada, por outro. Esforçando-me por perceber nas entrelinhas, mas necessariamente com uma grande margem de erro.

3. O que parece essencial é que a [N] não deixe criar em si uma ideia de beco sem saída, de conflitos insanáveis
em termos normais, de circuito-fechado. Repito-lhe que pode contar comigo, com a minha compreensão, com o meu apoio. Procuro, em cada
instante, penetrar nas suas hesitações e preplexidades, atingir as suas ângustias. Baralho-me, por vezes, no muito que desconheço, mas não tanto
que não permaneça a seu lado. Doi-me que se sinta isolada, incompreendida, estranha, perdida. Não há qualquer razão para isso. É forçoso fincar
os pés na ideia de que é possivel encontrar solução para os problemas, para o seu próprio viver. É forçoso rejeitar, d uma vez para sempre, o medo
de tropeçar nas coisas, o medo de se bater pelo que quer e entende, o medo de não ser capaz. Ajudada, como os outros o são; acompanhada,
como os outros o são - como os outros também, com dificuldades identicas, os mesmos sucessos e os mesmos êxitos, conseguirá romper, impor-se,
moldar a vida à sua medida.

4. O que seria altamente mau era que na cabeça da [N] se criasse a ideia de que a única solução está na ida para
Africa ou na sua demissão de viver. Por um lado, abrir-se-ia uma situação extremamente conflituosa entre nós, que me seria completamente im-
possível compreender e aceitar depois do que dissemos e nos garantimos. Por outro lado, os problemas não seriam resolvidos, mas apenas transpostos
para outro lugar, muito provavelmente em condições e circunstâncias mais difíceis, tornando-se-lhe quase impossível voltar atrás.

5. Em tudo isto me surge a tremenda importância de trocarmos opiniões. Não é possível fazê-lo directamente, mas é-o, mesmo
se limitadamente, através de ti. O espaço principal deve dirigir-se nesse sentido, para mantermos, em quaisquer circunstâncias e através de tudo, aquela
fraternidade sem máscara de que nos orgulhamos. Nenhuma tese poderá ser tão falsa, e mesmo tão dolorosa, como admitir que é necessário poupar-se,
suavizar as coisas, etc. Pois não serão os meimeus fundamentais problemas a ausência de vida, de conhecimento, de presença, etc, etc? É uma das
minhas mais caras crenças a de que nos saberemos manter sem meias-verdades, cara a cara, muito rudemente francos.

6. Nenhum cofconflito é soluvel fugindo-lhe, torneando-o, adiando-o. A fuga, etc não significa senão , que, d uma
forma ou d outra, somos impotentes para os resolver, que não lhe vemos, de facto, solução. Vejo e sinto, é-me quase palpável, a rectidão
de contradições em que se debate, as dúvidas de sentimentos e de aspirações, os falsos orgulhos, as "realissimas peneiras", etc, etc. Em tais
condições, a possibilidade ser "empurrada" ou "atirada nesta ou naquela direcção é enorme, em todos os campos. O caminho é definir
firmemente soluções correctas e indiscutivelmente válidas, ponto por ponto, problema a problema, fincando os pés e a vontade e a coragem
no terreno que vai sendo conquistado. Reagir, não se justificar, não se perder tambem em auto-desculpas, em auto-piedadezinha.

7. Mas certos problemas são indissoluvelmente d um conjunto de pessoas, embora em diferentes graus. Quere dizer,
pedem, quando não exigem, soluções comuns, uns choques inúteis, uns dramas. Isso não significa renúncia ou demissão, mas apenas
Fl. [1]v
o reconhecimento que soluções válidas têm de ter em conta diferentes interesses e sentimentos, em diferentes níveis.

Por isto mesmo, discordo que não tenha havido conversa franca com meus Pais, com [N], etc. Posso compreender, mas nem
por isso discordo menos. E continuo a bater-me porque o faça. Imediatamente, tal conversa teria talvez levantado discussões e atritos, mas também
haveria coisas que não teriam surgido, partes que se deixavam em pé, etc; e, a longo , prazo, estar-se-ia a caminhar para encontrar so-
luções de raiz. Doi-me muito - mesmo muito - que, para além de todas as questiúnculas, não se tenha tido em conta as possíveis re-
percussões na saude de minha Mãe; também me magoa que varias coisas me tenham sido silenciadas. E não percebo que não se
tenha apelado para a minha ajuda, para a minha participação em problemas que afinal são meus.

78. A [N] necessita de tratar da saude. Achei-a ainda mais magra. A [N] tem problemas cardíacos sérios; a [N]
tem problemas intestinais sérios; a [N] tem problemas nervosos sérios. Estes problemas são solúveis e vale a pena resolvê-los. Mais: resolvê-
-los é uma base importantíssima para resolver todos os outros, para reganhar forças físicas, vencer a apatia, etc, etc. Vai-se, muitas vezes,
na tese de que "não estamos doentes, mas somos assim"; esta ideia é completamente falsa e não resiste a uma análise superficial.
A propria convicção de que "apenas somos assim" é frequentemente já o fruto da doença. Ora não há dificuldade em tratar-se,
em arranjar médicos, etc, etc. Nada pode justificar que não encare de frente e com energia esta questão. Urge fazê-lo.

9. Ante a [N] coloca-se como questão central o definir-se com acerto, olhando o conjunto dos sentimentos e pessoas
em jogo, mas olhando também para si-propria, com sinceridade. Que não se deixe arrastar por falsas piedadezinhas, mas tambem que
não embarque na auto-comiseração...

No sentido de a ajudar e para que me ajude a ver claro, a compreendê-la, a apoiá-la, a ajudá-la, eis as ques-
tões que considero principais:

A - ONDE VIVER? Não vejo mais que 3 possibilidades: Porto, Lisboa, Africa. No Porto conhece as vantagens
e os inconvenientes: há que definir com segurança uma posição e bater-se por ela. Saliento uma coisa: se concluir que não deve lá viver,
então é preferível não voltar. So se iriam criar novas situações tensas, novos choques, etc, cada vez mais intensas, etc, muito provavelmente azedas
questiunculas torná-las insanáveis, etc. Em Africa, considero eu, para além do mais, insuportável para mim: é esse o "grande sacrificio" e
o único que de todo entendo ter o direito de lhe exigir. Tenho a certeza que o compreende, conto com ela e acentuo que absolutamente nada
poderá justificar uma solução unilateral e pela força (a força que só vem de eu estar preso...). Em Lisboa, conhece dificuldades e possibilidades. Uma
vez que decida seguramente ficar em Lisboa, julgo que não será muito difícil ajudá-la, congregar os esforços de todos, etc, etc. Não perca pres-
pectivas porque muitas tempestades que parecem autênticas são em copos de água. E os problemas acabarão por resolver-se.

B - EMPREGO? Parece indiscutível que não quere "lavar os tachos": defina-se firmemente! É uma editorial? É publici-
dade? O que é exactamente? Tem que ter em conta reais possibilidades e seria desastroso que as pessoas começassem a admitir que faz
exigências excessivas, que afinal não tem muita vontade de resolver o problema, etc. Julgo que o justo é agarrar uma possibilidade aceitá-
vel, ir ganhando experiência, mudar depois - se surgir oportunidade vantajosa - para outro melhor, etc. - O desemprego nem mesmo
psicologicamente a ajuda. Não me parece, nesta base, difícil resolver a situação se for abordada e trabalhada sistematicamente. É
preciso que me ajude a ver claramente o que quere, que dificuldades se lhe levantam, que hesitações têm, etc, etc. Assim é-me difícil ir
mais longe.

C - FILHAS? Quere ou não ter ambas consigo? Poderá ou não tê-las, dadas as reais forças e possibilidades? Que
ajuda real que pode dar a Mãe? O problema tem que ser visto olhando para o interesse das miúdas, para a sua educação, etc, etc. Eu gostaria
que se mantivesse com ambas. A [N] precisa de ir para uma pré-primária; a [N], a curto prazo, também. É preciso também
aqui planificar as coisas e começar a dar passos numa direcção definitiva, sem desânimos.

Bato-me também para que se mantenham, e se possível estreitem, os laços com a minha família, Avós, Tios, Primos.
Como? Passando lá férias, semanas, fins de semana, etc. Não compreenderia que levantasse obstáculos a que as miudas, [...] as duas ou
uma, passem temporadas no Porto, desde que daí não advenham traumatismos. É perfeitamente natural e normal. E só ajudará
as miudas a recomporem-se de "velhos traumatismos" o conseguirmos que se habituem a estar sem o pai ou a mãe; o que é funda-

Fl. [2]r
mental é que deixem de associar afastamento com perda, etc, etc.

Bato-me também para que se recomponham, estabilizem e normalizem as relações da [N] com "a família do pai
das suas filhas". Foram questiúnculas que isoladamente nada valem, nada significam, etc e que não devem, [...] impedir a
continuidade de laços naturais.

D - CASA - CONVÍVIO? Também aqui não sei com o que conta. Que resulta da vinda da [...] . Quanto tempo fica-
rá cá a Mãe? Não ficando cá a Mãe poderá continuar a habitar a casa? Enfim, o que há de facto? Se [...] há, a situação
actual não poderá manter-se, porque cansará as pessoas. Será impossível encontrar uma solução conjunta com alguém, sua
amiga, etc evitando o "terrível" isolamento d um quarto ou d uma parte de casa alugada a alguém desconhecido? É natural, tam-
bém aqui, que não seja possível realizar logo, às primeiras, a solução optima. Mas será meio caminho andado saber-se
o que se procura, em que direcção e com que perspectiva avançar.

E - NOVAS RELAÇÕES? Determinar-se tendo em conta todos - mas todos - os ângulos e todas as suas forças.
Encontrar-se autentica, sincera - eis o que é preciso. É fácil? É difícil? Não importa, é o caminho. Não se mova senão
pelos seus próprios sentimentos, sem piedadezinhas, sem cedência a quaisquer pressões, com inteira franquesa e inteiro egoísmo.
Quando e como considerar possível, agora, daqui por 6 meses ou 2 anos... Qualquer que seja a "saida" que encontrar saiba
que não anula nem o meu apoio, nem o que lhe tenho afirmado, nem sobretudo a minha integral noção de res-
ponsabilidade pela sua vida actual. Fiz tudo quanto pude para lhe subtrair obstáculos, para lhe possibilitar a maior am-
plitude possível de opções e movimentos, etc, etc. Fiz disso um ponto básico e não é difícil verificar quanto me tem preo-
cupado e qual tem sido o meu esforço. É com perfeita noção das coisas que afirmo compreendê-la; bato-me [...]
o transe para que esta ou aquela definição de laços entre nós (inclusivé a total rotura) não invalide nem distorça as con-
clusões
a que chegarmos nos restantes aspectos. Quero tornar-lhe claro e límpido que não considero nem imoral, nem
negativo, nem patológico, etc, etc que entenda dever se compor ou recomeçar a sua vida sentimental, que considero perfei-
tamente normal, natural, humano e legitimo que o faça se o concluir assim. Que me dissocio inteiramente de qualquer
pressão [...] dos meus familiares em sentido contrário a este e que rejeito inteiramente todos os preconceitos
e "moralzinhas" que existam. E que, ainda, insisto e repito e torno a repetir que neste campo interessa muito pouco
que olhe para mim ou para os meus e que olhe sobretudo e acima de tudo para si, para os seus sentimentos
e para a sua vida. Se, d um ponto de vista subjectivo, pode aparecer como fundamental - e é-o, de facto - este
aspecto, d um ponto de vista prático justifica-se que seja colocado em último lugar.
Como em muitas outras coisas,
é preciso começar pela ponta do novelo, pelo que é de mais resposta, e sobretudo, pelo que é básico, instante, urgente: tratar
das bases materiais da sua vida. Saliento ainda que as nossas relações, hoje ou amanhã, apenas a nós os dois dizem
respeito e que considero que qualquer definição que lhe dê hoje, pode mudá-la amanhã, se o entender. Isto não é
propriamente um negócio em que é preciso manter, a todo o custo, a palavra dada. O que é preciso manter é a
limpidez de propósitos, a lealdade e a austeridade.

10. Sugiro que pegue num lapis e num papel e comece a definir-se, com optimismo, com coragem, par-
cela a parcela. Deite contas às andanças necessárias, pessoas com quem tem de falar, iniciativas a tomar, etc, etc. Verá que começam
a surgir-lhe perspectivas de solução, coisas que antes não vira, possibilidades novas, etc. Depois é mesmo tratar das coisas, dar
mesmo os passos, andar e andar, cansar-se e cansar-se. Não se deixe vencer pelos muitos e muitos insucessos que, com certeza,
sofrerá: reaja, reganhe força, recomece. A propósito de algumas coisas, costumava eu dizer-lhe, meio a sério meio a
brincar, que é precisamente quando os problemas parecem insolúveis, quando parece não haver volta a dar-lhes que a solução
surge. Que se trate, que se alimente bem, que se defina acertadamente, que não se poupe o esforço e que nunca
perca a confiança em si própria - e o resto resolver-se-a, por acréscimo, d uma forma ou d outra.

E ainda, importantissimo: que me responda e fale comigo por teu intermedio. Estou, aliás, con-
vencido de que também a [N] sente profundamente a necessidade de conversarmos, de me ouvir também, até porque será
Fl. [2]v
sempre muito dificil, hoje ou amanhã, estar [...] tão à vontade com alguém como comigo. Certo? Então que não
"engrole" o que tem ao dizer, que não cale situações, dificuldades, opiniões, etc, etc.

Tudo isto estava escrito antes da visita de ontem, 2a feira. Mantenho-o inteiramente. Quero exprimir-lhes
directamente a minha opinião, dada à [N] e ao [N], sobre os problemas sobrevindos:

1. Cabe à [N] decidir todos os problemas respeitantes às miudas, inclusivé irem para o Porto ou ficarem
cá. A sua separação das miudas só pode justificar-se num período curto (2 a 3 semanas), com um objectivo bem
definido (tratar-se, organizar as coisas), mas dependerá sempre e em última instância da sua vontade. Ficará sempre à
sua decisão o regressarem para o seu lado. A [N] garantiu-me ser [...] vontade expressa da [N] que as miudas fossem uns tempos
para o Porto: só nessa base o aceitei. E faço questão - e não sossego - de que a [N] me confirme expressamente isto.

2. A ida das miudas para o Porto resolve-lhe problemas materiais (de tempo, dinheiro, alojamento, etc) e alguns
psicológicos (preocupações com elas), mas criar-lhe-á simultâneamente diversos problemas emotivos e psicológicos, para rel si e
para as miudas, cujas consequências me são imprevisiveis e muito e muito me preocupam. Afirmei-o claramente à [N] e
faço questão que me afirme expressamente que lhe transmitiram esta opinião.

Defendo taxativamente que as miudas devem viver com a Mãe, fundamentalmente dependentes dela, etc, etc,
mesmo que sejam mal lavadas, andem mal vestidas ou comam pior.

3. Preocupa-me muito não saber as condições materiais, psicológicas, etc em que fica. Penso que não se
deve sentir nem isolada nem desajudada e nesse sentido vou escrever para isso. Aliás sobre todas estas questões vou escrever
à tua Mãe tornando inteiramente explícito a "tragédia" que seria para todos lá, cozinhar-se qualquer coisa à margem da
[N].

4. Não terá sentido inibir-se de aceitar a ajuda material e moral de minha família (minha, afinal),
inclusivé de regressar ao Porto. Simplesmente penso que não deve, de maneira nenhuma, voltar para lá nas anteriores
condições. Explico-me: por todas as razões, entendo obrigatório que não fique a tratar das coisas de casa, que se empregue,
que crie centros de interesse variados e amplo convívio. Defendo ainda que, no caso de voltar, mesmo tendo trabalho,
é importantíssimo procurar viver em habitação própria (mesmo que seja um quarto alugado), vivendo com as filhas (mesmo
que durmam no chão). Defendo ainda mais, que é preferível viver em Lisboa.

É tudo.

Peço-te, [N], que lhe dês a ler esta carta. Repito - e lê-a tu tambem.

Abraça-a.

Um abraço muito amigo do tio

[N]

P.S.
P.S. A [N] perguntou-me se não temia uma possivel ida da [N] com as miudas para Africa. Temo e preocupa-me
muito. Corro conscientemente o risco, até porque não há outra saida senão corrê-lo. Mas eu é que, directamente ou não,
não lhe subtraio as filhas. Que se trate, mas das doenças reais. Ao [N] vale a pena ir, mas a mais ninguem. Insisto terminan-
temente que se recuse a embarcar nessas mistelas psicanaliticas meninas-bem. O essencial é ganhar forças, trabalhar, organizar
a vida, criar centros de interesse multiformes e amplos, conviver, sentir, viver. E, neste sentido, é positivo que tenha vindo para Lisboa.
As filhas são nossas. E se tem que viver num bairro de lata, pois que vivam. Tem todas as condições fundamentais para tratar delas e
não se deixe convencer do contrário.
[N]



Contexto
Prisão



Palavras Chave

Tipo: instruções
História: prisão
Sociologia: família, saúde, emprego, educação, migração




Suporte Material

Suporte: duas folhas de papel de carta pautado de 30 linhas escritas em todas as faces; carimbo dos Serviços de Verificação da Cadeia de Caxias.
Medidas: 268mm × 181mm
Mancha Gráfica: uma linha em branco entre a fórmula de endereço e o início do texto.
Nota: há um rasgão no rosto do segundo fólio que impede a leitura de algumas palavras.




Créditos

Transcrição: Mariana Gomes
Codificação DALF: Mariana Gomes
Contextualização: Ángel Rodríguez Gallardo




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