1918. Carta familiar de um militar do C.E.P. para a mãe. De França para Chaves (concelho). FLY2097

FLY2097
Carta familiar de um militar do C.E.P. para a mãe. De França para Chaves (concelho).

Data
12/08/1918

Referência Arquivística
Arquivo Histórico Militar.
Corpo Expedicionário Português, I Divisão, 35ª Secção, Caixa 86, Fólios [1]r-[2]v

Resumo
O filho militar escreve à mãe a contar que sobreviveu à batalha de 9 de Abril de 1918 e a exigir que a mãe lhe mande dinheiro para a licença.

Local
França


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Autor | Destinatário | Contexto | Palavras Chave | Suporte Material | Créditos


Sobrescrito

Destinatário

Ellma Sen
[N]
Correio do Vidágo Pára
[L]



Texto

Fl. [1]r

Em Campênha

/8/ de 1918

/12 de

minha Qerida e e Seudosa mãe

espcrevolhe Sómente porque
vái por mão propia ate
Lisboa e tambem para-lhe dar
a Saber que eu que estou muito
Bem que não-me falta nada e tam
bem para-lhe dizer que tenho
passado coizas muito bomáss em
frança quendo foi no dia 9 de
Abril que andei 5 dias que não
comi nada e que andemos 22
dias Sem mantas e antão ara
uma neave Sobre a outra
e nos dormia-me no meio do chão
e andemos de roupa porque tivemo
de deixar tudo a mêm Já pode
Ver Como nos nos veria
mos
Fl. [1]v
mas tambem tenho para-lhe
dizer que o primo [N] de
Lago-bôm que nunca o vi e
perêçême que morreu eu já
o mandei dizer numa carta
mas a mêm pareceme que
não Compriandeu que-lhe man
dei dizer que estava na compa
nhia do [N] do [N]
e a mãe Já podia compriander que
Quendo eu lhe mandar dizer acim
Já save para que é tambem
tenho para-lhe dizer que há
licenças que a carta vai por um
rapas que vae de licença o meu
qCumandente Já me disse que
lógo que elle viaçe iha eu
porque eu fico entregue du
ma
Fl. [2]r
Hórta e elle ma dice que
manda-se fr vir o dinheiro
que depoes que iha eu mas
parace-me que não vou por
que a mãe não me manda o
dinheiro e eu não ganho dinhei
iro para irre de Licença nen que
esteja 30 annos em frança e
então nunca mais lá caro
voltar a essa terras porque
a Guerra nau nunca maes
acava e em coanto não acavar
a guerra nunca maes lá vou
só sendo de licença mas não
fas male porque arranjo cá uma
franceza e fico com ella porque
não há remêdio aran arranja-se
uma que tenha bestentes
Francos e depoes
Fl. [2]v
deixa Correr o que corre
depoes Sempre poderei voltar
a essa terra ver o meu
lindo portugal nãou sendo
assim nau nunca maes lá
vou e eu Já cá tenho a
minha vida tancionada.
Com isto tremino não estou
Com maes maçada que Ja vasta
peço-lhe que lògo que reçeva
esta carta que me responda
lgo logo na volta do correio
e que-me mande dizer
tudo e a mem pode mandar
dizer o que quizer porque as
cartas não são abertas riceva mil
abracos deste Seu filho muito
Amigo

[N]

P.S.
A Deus A Deus



Contexto
I Guerra Mundial



Palavras Chave

Tipo: protesto
História: Primeira Guerra Mundial, guerra, serviço militar, mortos, batalhas, licença, família
Sociologia: família, serviço militar, condições económicas, conflito armado




Suporte Material

Suporte: um quarto de folha de papel dobrado, escrito em todas as faces.
Medidas: 174mm × 112mm
Medidas do Envelope: 147mm × 115mm
Mancha Gráfica: sem linhas em branco entre a fórmula de endereço e o início do texto.
Nota: dentro do envelope, acompanha a carta um conjunto de folhas em forma de bloco com sete folhas escritas frente e verso, em que o militar descreve o 9 de Abril, com a seguinte intitulação: "Sobrescrito do que foi passado no dia 9 de Abril"; o envelope tem um carimbo que contém: OUVERT, 368, Par l' Autorité Militaire.




Créditos

Transcrição: Mariana Gomes
Revisão: Rita Marquilhas
Codificação DALF: Mariana Gomes
Contextualização: Sílvia Correia




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