1970. Carta familiar entre irmãos. De Marco de Canaveses, Portugal, para Camabatela, Angola. FLY1357

FLY1357
Carta familiar entre irmãos. De Marco de Canaveses, Portugal, para Camabatela, Angola.

Data
06/10/1970

Referência Arquivística
N.A.
Arquivo Privado, Arquivo Privado, FLY1357, Fólios [1]r-[2]r

Resumo
A autora fala das vindimas, da venda das uvas e dos vinhos e também dá a notícia do namoro de uma jovem por quem o irmão estava interessado.

Local
Marco de Canaveses

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Autor | Destinatário | Contexto | Palavras Chave | Suporte Material | Créditos


Texto

Fl. [1]r

-6-10-970

Querido manito:

Desculpa antes de mais este meu atra-
so em te escrever mas sinceramente a culpa não
foi propriamente minha pois durante estes
dias de luta como deves compreender foram
imensas as vezes que pensava em te escrever
mas o tempo escasseava para tudo até para te
escrever. Sabes bem (se ainda te não esqueceu)
que durante a compra das uvas brancas o
Pai quase não dorme. Ora como este ano fui
só eu que andei com ele durante todo o
tempo aconteceu-me o mesmo. Muitas
noites fomos à cama apenas duas ou 3
horas e nem nessas poucas horas se dormia
com a preocupação. Felizmente esse trabalho
já terminou e com rendimento graças a
Deus. Não demos o trabalho e esforço por
mal empregues. Isto não se diz a ninguém
mas só de lucro foram à volta de 14.000$00
e nas nossas uvas brancas todas fizemos
12.000$00. Graças a Deus este ano tudo
correu bem. Oxalá daqui em diante
assim continue. Mandamos para Ama-
rante 111.000 kg de uvas brancas
e ainda houve uns aumentos nas cami-
onetes razoáveis.

Quanto ao vinho tinto aqui de
[L] já se fizeram 4 pipas duma
lagarada e amanhã vão-se apanhar
o resto das uvas que ainda devem
Fl. [1]v
dar à volta de duas pipas.

Na [L] só sexta - e sabado é
que se vai fazer a vindima, mas segundo
as estatísticas deve haver pelo menos 5 pipas
de vinho tinto. Como depreendes de tudo
que te disse há muito vinho este ano tanto
branco como tinto. Agora só se espera
um bom preço para o vinho tinto.
Isto de ter muitas uvas não aconteceu só
connosco, foi com toda a gente graças ao
Senhor. Para já foi o vinho que se colheu
o resto das colheitas ainda não estão totalmente
armazenadas. Quando se souber resultados
te contarei pois sei o quanto aprecias saber
da vida da nossa casa.

De novidades não sei que mais te conte
com interesse.

Ah! A [N] já mudou para o [L]. Eu
fui ao Porto ajudar a fazer-lhe a muda
e aproveitei a despedir-me do [N]
que foi hoje para a tropa. Ele concerte-
za te escreve de lá. Não digo jà nos primei-
ros dias porque ainda vem fazer exames
ao Porto mas quando tiver tempo ele se
encarrega de se por a par contigo.
Quanto a dizeres que eu sou preguiçosa
para te escrever mano parece-me que
não tens muita queixa. Se não recebes
as cartas eu não tenho culpa.

Escrevi-te pelos anos um postal
e uma carta e mandaste-me dizer
que não recebeste nada meu.
Fl. [2]r
Francamente fico triste pois todos de casa
sabem que me lembrei dos teus anos
e te escrevi. Não penses que te estou a
embrulhar para ficar bem vista mas o
que digo é verdade.

Sobre isto não sei que mais te dizer
mano a carta já vai longa e não disse
muitas coisas que me apeteciam dizer
Paciência, se não forem irão para a
próxima.

Sabes uma coisa [N] tinha tantas coisas
para escrever, mas a mãe chamou-me para jan-
tar e eu fui, agora depois já de comer vim
novamente escrever-te e já não me lembro
de nada que tinha na ideia. Valha-me
Nossa Senhora que pateta que eu sou.

Ah! Espero que o teu colega venha cá dar
uma visita (ao Porto) quando vier de férias
Ainda não falei com a [N] depois que
vim para férias mas até estou anciosa pa
falar com ela àcerca dos amores.

É verdade outra coisa:
A [N] jà arranjou um namorado todo
atestado por isso podes deixar de lhe escrever
com qualquer ideia futura. Nem calculas,
são uns amores doidos. Vê-se mesmo que
andava anciosa por arranjar alguém
que lhe ligasse, e que lhe fizesse festas.
Tu estavas longe! Não a podias abraçar e
por isso deu-te com os pés. Arranjou um mais
atiradiço. Com tudo isto já escrevi 3 folhas
e não tenho mais. Termino com beijinhos
dos Pais e da [N]. Da tua mana [N] recebe
todo o amor e saudades que esta carta te possa levar

[N].




Contexto
Guerra Colonial



Palavras Chave

Tipo: notícias
Sociologia: condições económicas, economia, intimidade




Suporte Material

Suporte: duas folhas de papel de carta escrita a primeira em ambas as faces e a segunda apenas no rosto.
Medidas: 262mm × 154mm
Mancha Gráfica: sem linhas em branco entre a fórmula de endereço e o início do texto.




Créditos

Transcrição: Leonor Tavares
Revisão: Rita Marquilhas
Codificação DALF: Leonor Tavares
Contextualização: Joana Pontes




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